Moradores de Planaltina (GO) participam de audiência pública e expõem necessidades do transporte coletivo
Encontro entre comunidade e gestores do setor aconteceu na Câmara Municipal
O transporte coletivo semiurbano foi tema de audiência pública na Câmara Municipal de Planaltina de Goiás nesta quinta-feira (02/12/21). De um lado, representantes do poder público e empresa de ônibus responsável pelo serviço. Do outro, a comunidade, que exige mudanças.
Desde que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) abriu mão da tutela do serviço, em fevereiro deste ano, as linhas de ônibus entre as cidades goianas do Entorno e o Distrito Federal passaram a ser de responsabilidade da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) do DF. O subsecretário de Operações da pasta, Márcio Antônio de Jesus, falou em nome do Governo do Distrito Federal.
O gestor explicou quais são as atribuições do GDF, que é fiscalizar as empresas de ônibus. “Não temos autorização para fiscalizar o transporte não autorizado”, argumentou.
Márcio disse ainda que a Semob prepara um marco regulatório para o serviço semiurbano. Ele informou que o documento está na fase de elaboração de estudo técnico e deve ser apresentado no primeiro semestre de 2022. O marco regulatório é a fase inicial para a licitação do serviço, já que as sete empresas operadoras atuam por meio de uma autorização especial, concedida ainda pela ANTT.
Monopólio?
O vereador Tinica (PRTB) usou a tribuna para questionar se haverá mais de uma empresa prestando o serviço após a conclusão do processo licitatório. O parlamentar destacou que essa era uma demanda dos moradores da cidade. “Sou da época da Rápido Planaltina, que era da Santo Antônio e conseguia prestar um bom serviço. Precisamos de duas empresas aqui”, declarou, ao afirmar que Planaltina de Goiás era a única cidade a permitir um monopólio.
O subsecretário Márcio respondeu que o processo está em fase de estudos, mas adiantou que não pode implementar “uma concorrência predatória” no transporte urbano.
Já o vereador Genival Fagundes (PL) pediu ao subsecretário a minuta do marco regulatório quando o documento estivesse pronto, antes de sua publicação. A resposta do representante do GDF foi negativa, por conta do sigilo do processo. No entanto, Márcio Antônio garantiu que irá se encontrar novamente com o parlamento municipal e discutir os detalhes do estudo.
Neto Nobre (PSL) lembrou que outros bairros da cidade contam com um serviço precário. De acordo com o vereador, nessas localidades o ônibus só circula em horários de rush, com poucas viagens. Dessa forma, os moradores desses locais precisam caminhar vários quilômetros até o ponto de ônibus mais próximo ou contar com o serviço de moto-táxi.
Ele sugeriu ao subsecretário que a nova licitação contemplasse linhas em bairros periféricos, a exemplo do Mutirão. “Tenha compaixão desse povo de Planaltina”, pediu o parlamentar.
Empresa de ônibus promete renovação da frota
Atualmente, as linhas de ligação entre Planaltina de Goiás e as regiões administrativas do DF estão sob responsabilidade da Amazônia Inter. A concessionária adquiriu a empresa anterior, a Viação Expresso Brasília, e o serviço está em fase de transição. Parte da frota já circula na cor verde.
Além da mudança de layout, a Amazônia Inter garante que a frota de 89 veículos (composta por carros do ano 2007 a 2019) será renovada e ampliada. Clécio Rodrigues, presidente da companhia, assumiu o compromisso em uma audiência anterior, realizada no último dia 18 de setembro. Na ocasião, pediu entre 90 e 120 dias para cumprir com a promessa. Segundo ele, o prazo encerra em 18 de janeiro de 2022. “Nós levamos a sério o nosso trabalho”, assegurou Rodrigues.
Manutenção dos veículos
Uma das queixas mais recorrentes dos moradores é quanto à quebra de ônibus. De acordo com os usuários, parte das viagens iniciadas pela empresa não são concluídas, pois o veículo apresenta defeitos mecânicos. Com isso, a corrida é interrompida e quem embarcou naquele ônibus precisa aguardar a chegada de outro.
Clécio garante que, sob a gestão da Amazônia, a recorrência do problema diminuiu. “Antes de assumirmos a operação, a média era de 11 quebras por dia. Agora, chegamos a registrar quatro por semana”, estimou. “Entramos com um plano de manutenção. Queremos zerar esse número de quebras, mas sabemos que o ônibus é uma máquina e está sujeita a apresentar defeitos”, complementa.
Novos trajetos
Outra novidade anunciada por Clécio é a criação de novos trajetos dentro de Planaltina de Goiás. Antes, a maioria das viagens entre a cidade e Brasília era feita pela linha 1001, que percorre todos os setores do município. Agora, existem linhas que percorrem cada setor separadamente. A promessa é uma viagem mais rápida.
“Nossos fiscais estão nas ruas para verificar o cumprimento dos novos trajetos”, disse. Contudo, de acordo com o empresário, a implementação dos novos itinerários não foi fácil. “Os motoristas estavam acostumados a fazer um trajeto e nós encontramos uma resistência desses colaboradores”, apontou.
Ampliação da frota e demanda
Questionado sobre o efetivo e se haverá aumento na frota, Clécio afirmou que a empresa está conhecendo a cidade e assumiu a gestão do serviço em um período de pandemia, onde a circulação de pessoas estava restrita. Com isso, a empresa alegou não ter dados conclusivos.
“Em setembro, a média era de 7 mil passageiros por dia. Com o término do período de pandemia, a média subiu e agora estamos com 12 mil passageiros diários”, apontou. “Estamos trabalhando para suprir a necessidade de mais ônibus”, completou.
Também participaram da audiência os vereadores Juvenir Aguiar (Pros), Ivan Bay Park (PRTB), Juninho (Pros), Tel (PSL), Jailton Batista (Republicanos) e Gaúcho (PSDB). Representando o Executivo local, compareceram o vice-prefeito Zezinho do Planalto; o secretário de Fazenda, Jorge Maranhão; e o comandante da Guarda Municipal, Evanduí Timóteo.