Futuro da mobilidade urbana do DF em debate
Seminário promovido pela Semob reuniu especialistas e apresentou ações de melhorias
A Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) promoveu, esta semana, o I Semob – Seminário de Mobilidade de Brasília, com o objetivo de integrar a sociedade ao debate sobre o futuro da mobilidade urbana no Distrito Federal e compartilhar o conhecimento sobre o tema. O evento, nos dias 16 e 17 de novembro, reuniu especialistas do setor, agentes do Governo do Distrito Federal (GDF), empresas operadoras, prestadores de serviços em mobilidade urbana, entidades da sociedade civil e órgãos de controle.
O secretário de Transporte e Mobilidade, Valter Casimiro, destacou a importância do seminário: “Queremos discutir soluções para melhorar o sistema de transporte para a nossa cidade e para a população”. Casimiro ressaltou que a pandemia da covid-19 abriu os olhos dos governantes sobre a necessidade de modelagem de um novo marco regulatório para o sistema de transporte no Brasil, a ser discutido em âmbito federal. “A vertente do custo está em voga e precisamos achar equações que melhorem a logística do transporte”, afirmou.
Os debates tiveram início com o palestrante português Antônio Óscar Rodrigues, que discursou sobre o futuro da mobilidade urbana. Óscar trabalha há 25 anos na área de transporte e atua na Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa. Segundo ele, a cidade do futuro tem que reunir algumas características básicas, como ser digital, multimodal, inclusiva, eficiente e sustentável. Óscar exemplificou e reforçou o impacto dos sistemas de transporte no meio ambiente. “Cada cidade tem que fazer a sua parte na questão da sustentabilidade ambiental, tem que pensar na emergência climática”, disse.
Sistemas inteligentes e financiamento
Também foram abordados temas como a utilização de sistemas inteligentes para o transporte e a mobilidade e como utilizar a tecnologia na otimização do sistema. Estudioso no assunto, o professor da Universidade de Brasília (UnB) pastor Wili Gonzales ressaltou que as tecnologias precisam facilitar e estimular a opção dos usuários pelo transporte coletivo ou outros modos sustentáveis. “As tecnologias têm que estar voltadas para quem? Centradas nas pessoas. O suporte está nos veículos e na infraestrutura”, explicou o pesquisador.
Seguindo a temática, o superintendente de mobilidade do BRB, Saulo Nacif, destacou a evolução do sistema de bilhetagem no Distrito Federal, que tem facilitado a experiência dos usuários no pagamento das tarifas. De acordo com Nacif, houve redução de cerca de 10% nos pagamentos de passagens em dinheiro. “São R$ 76 milhões a menos circulando nos ônibus de 2019 para 2022. Com isso, tem a redução do erário, de risco de roubo, entre outros fatores”, revelou o gestor, exemplificando o resultado do incentivo de pagamento por aplicativo. Já no metrô, a novidade ficou por conta da implantação do sistema de utilização de cartões de crédito diretamente nas catracas, inaugurado no último mês de setembro.
Diante das medidas apresentadas, o debate encaminhou para a origem dos recursos e novas fontes de financiamentos possíveis para custear o transporte coletivo. Para o consultor especialista em mobilidade urbana Rodrigo Tortoriello, com a pandemia ficou claro que é importante que o transporte seja financiado e fomentado pelo poder público, assim como saúde e educação. “Quando todos precisavam ficar em casa, mas era necessário ir a uma farmácia ou supermercado, viu-se a importância do transporte coletivo”, destacou o especialista.
As possibilidades de custeio do transporte público foram apontadas por Antônio Óscar Rodrigues, que explicou que Lisboa reverte parte dos valores dos estacionamentos rotativos e de uma porcentagem de impostos sobre combustíveis e automóveis para os coletivos. “Esses valores complementam a tarifa paga pelos usuários, entre outras fontes. O objetivo é ter mais transporte público e melhor”, ressaltou o português, que ainda destacou que mais ônibus significam menos carros e mais sustentabilidade, principalmente com a integração de diferentes modais.
Foco em desafios e proposições
O segundo dia do evento apresentou o tema Integração entre Planejamento Urbano e Planejamento da Mobilidade. O assunto foi discutido pelo secretário Valter Casimiro, pelo professor da UnB Benny Schvarsberg e pela diretora de Planejamento e Sustentabilidade Urbana da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), Camila de Carvalho Lammers.
O professor Benny detalhou um histórico sobre o território e o modelo de ocupação e de ordenamento do DF e apresentou desafios estratégicos de integrar a mobilidade orgânica sustentável e inclusiva com a dinâmica de uso e ocupação do solo. “É preciso reforçar os corredores exclusivos de ônibus, integrar os modos de transporte e ampliar a mobilidade ativa, por exemplo.”
Camila Lammers falou sobre a importância do planejamento integrado urbano e de mobilidade mostrando o contexto e os desafios do DF. A painelista ponderou sobre a integração entre gestão e planejamento levando em consideração a Lei de Uso e Ocupação do Solo e o Plano Diretor de Ordenamento Territorial. “Nosso desafio é superar a dependência do automóvel, pois o DF possui características urbanísticas que desfavorecem a mobilidade ativa e de transporte público”, concluiu.
A herança do rodoviarismo no Brasil em detrimento do transporte coletivo foi citada pelo secretário Valter Casimiro: “Estamos focados em melhorar a qualidade do transporte público e ampliar a mobilidade elétrica e ativa”.
Casimiro também destacou algumas ações de melhoria para a mobilidade urbana. “O metrô está estudando a implantação de uma nova linha. Estamos trabalhando para implantar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), ampliar as faixas exclusivas, criar bolsões de estacionamento e estacionamentos pagos, integrar os modais de transporte, construir mais terminais, mais ciclovias e ampliar o sistema de bicicletas compartilhadas”, finalizou o secretário.
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* Com informações da Secretaria de Transporte e Mobilidade